A Secção Regional do Centro da Ordem
dos Médicos (SRCOM) denunciou hoje que cerca de 160 mil utentes na
região Centro estão sem médico de família e que são necessários 90
médicos para colmatar as necessidades atuais.
“Não vale a
pena traçar um cenário de tranquilidade, porque ele é de enorme
preocupação. Estamos a atravessar a maior desertificação dos cuidados de
saúde primários desde a criação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) a
que a ministra da Saúde, Marta Temido, está a assistir com aparente
imobilismo”, sublinhou o presidente da estrutura, em comunicado enviado à
agência Lusa.
Segundo Carlos
Cortes, atualmente, dos 1.228 médicos dos cuidados de saúde primários da
Região Centro, 965 são especialistas de Medicina Geral e Familiar, e
263 são especialistas em Saúde Pública.
O presidente da
SRCOM considerou que o SNS está a “enfrentar dificuldades extremas para
suprir as necessidades da população, uma vez que há zonas bastante
carenciadas, e com gravidade, designadamente na zona da Beira Interior
ou no Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) do Pinhal Litoral, entre
outros”.
“Mais grave do
que este contexto, é assistir a esta hecatombe com a probabilidade de
aposentações que se avizinham. É, de facto, uma realidade muito difícil,
pois neste momento há 200 mil utentes que fazem parte do ficheiro
clínico de médicos com mais de 65 anos”, referiu Carlos Cortes.
Neste momento,
acrescentou, faltam na região Centro 90 médicos de família para darem
resposta aos perto de 160.000 utentes sem médicos de família
atribuídos”.
“A breve prazo esse número duplicará e faltarão mais de 250 médicos de família na região”, prevê.
Para o
dirigente, é importante que a tutela “defina e implemente medidas
governamentais e orçamentais que ajudem a criar as condições para fixar
os jovens médicos nesta especialidade”.
“O país precisa
dos seus médicos cuja formação pré e pós-graduada é reconhecidamente de
qualidade. O país, e a região Centro em particular, precisam de um novo
modelo de contratação, fixação dos médicos e de criação de condições
para o exercício da resposta clínica à população”, defendeu.
Carlos Cortes
sublinhou a necessidade de fazer o tributo aos “médicos pioneiros nesta
especialidade, mas também de promover a integração dos jovens
especialistas”, quando se aproxima o Dia Mundial do Médico de Família
2022.
A data vai ser
assinalada pela SRCOM, de segunda a quinta-feira, com um conjunto de
atividades subordinadas ao tema “Valorizar quem cuida de todos”