Hoje, 19 de Julho de 2025, na Casa da Cultura de Coimbra, no âmbito do Fórum Nacional Autárquico
por Mário Frota
Membro do Movimento Cidadania Democrática (MCD)
Honroso o convite que se nos dirigiu para a apresentação de “Xadrez Político Sem Regras nem Ética” com a chancela de Fernando Pereira
Pela singularidade e pela excepcionalidade, já que é de Coimbra que irradia a nossa actividade há mais de meio século. E disso nem se tem sequer e, em geral, percepção.
Muito grato, pois, por nos desencantar, distrair, quiçá, dos múltiplos quefazeres que nos absorvem incessantemente para a cerimónia do lançamento da obra no evento que a acolhe.
Xadrez Político Sem Regras nem Ética
Dois nomes singulares e excelsos os atributos que os exornam:
Cândido Ferreira e o perene inconformismo como traço marcante da sua vincada personalidade: impressivo o percurso, prematura a partida!
José Roquete e o seu perturbante desconforto como cabouco de uma “desinstalação em permanência”, como qualifica as variegadas vias que calcorreia em busca de saudáveis e estimulantes objectivos ao longo da vida.
Um naipe de personalidades em que Fernando Pereira se inspira e revê e que envolve de modo peculiar, algumas das quais se associam ao acervo de textos ora dado à estampa:
Artur Cordeiro
Carlos Alexandre
Carlos Magalhães
Celso Monteiro
Clemente Pedro Nunes
José Gomes Ferreira
José Manuel Silva.
Fernando Pereira consagra os seus ócios a uma intervenção cívica, a todos os títulos, relevante.
Como escopo, a res publica e o indissolúvel ingrediente do interesse geral, seja qual for o conceito sob que se perspectivar.
Distantes os tempos das canções de intervenção: a era do conformismo que lhes sucedeu lança-as no silêncio dos proscritos.
Lugar aos escritos de intervenção que não brotam, de resto, de um expressivo universo de actores.
Fernando Pereira delineia os temas e lança-os em publicações de nomeada.
Reúne-os desta feita neste seu “Xadrez Político sem Regras nem Ética”.
Na colectânea, outros contributos, não menos relevantes, porém, se descortinam:
Carlos Magalhães com um texto.
Celso Monteiro com dois.
Clemente Pedro Nunes com um excerto de uma sábia e premonitória interpelação.
José Manuel Silva com quatro bem fundados escritos.
Fernando Pereira brinda-nos com mais de meia centena das suas intervenções.
São expressões de espíritos inconformados.
A RES PUBLICA, ao invés do que os clichés usuais tendem a revelar, não é pertença de grupo, pretensa elite ou facção.
As distintas vertentes e dimensões da democracia sugerem-no, por vezes, face aos clientelismos de que se tecem e se perfilam, como apropriação de um número escasso e repetente de escassos titulares.
Democracia é esteio de uma participação que não pode louvar-se em atitudes tergiversantes, eivadas de tibiezas, antes primar pela ousadia e pela assertividade.
(Se o rei vai nu, não lhe cubram ilusoriamente as partes pudendas de finos panos que dissimulem a nudez crua de um corpo prenhe de aleijões).
Eis o que na colectânea ora em apresentação se encerra:
Temas que tendem à radiografia dos tempos que surgem no cursor (no lapso de 2022 a 2024) e são indícios dos desvarios que da coisa pública se apossaram:
. Pátria sem rumo e sem esperança;
. O Estado de uma nação em avançado estado de pobreza
. A boa gestão da coisa pública;
. A precarização das condições de vida já não é uma miragem no horizonte dos portugueses e das empresas!
E a tónica nas famílias e nas empresas é uma constante no delinear dos seus escritos:
. O colapso das Famílias e das Empresas começou;
. O empobrecimento das Famílias e das Empresas
. O Estado actual das Famílias e das Empresas
Mas a probidade ou a ausência dela dos actos de gestão da coisa pública, mas que vem inquinando progressivamente o regime, também se reflecte nos escritos que de modo diuturno dá à estampa.
A corrupção corrói os alicerces da Nação e mina o fio-de-prumo do regime.
Preocupação constante vazada em acontecimentos do quotidiano datados e, na voragem do que ocorre, ignorados ante a panóplia de eventos que preenchem dias, semanas, meses, anos...
Os serviços públicos no grau zero da eficiência.
O Estado como mecanismo de constrangimento sem que a salus publica nele se vislumbre e o determine.
Os serviços de interesse geral, como os de interesse económico geral, vulgo os serviços públicos essenciais, à mercê de propósitos menos legítimos que tudo consentem contra o sacrossanto estatuto dos cidadãos arvorados em clientes menores ou em súbditos das majestáticas dominantes desprovidos de direitos.
Aliás, a súmula dos escritos é disso modelo frisante.
O que nos textos se espelha é, afinal, a realidade moldada por padrões de propaganda e por um enorme vácuo no plano estrutural com ominosos reflexos nas famílias e nas empresas, em todo o tecido social.
Praza a Deus que obras do estilo germinem no baço panorama regional e nacional e o luminoso exemplo que do Xadrez Político transluz contamine, sobretudo os mais jovens, para que uma consistente massa crítica projecte de modo ridente o futuro desta terra rasgada a golpes de audácia pelos que no-la legaram. E a intervenção pública se transforme de excepção em regra.
Mouzinho proclamava: “Esta terra é obra de soldados.
Quwe os cidadãos a moldem seja qual for a trincheira que ocupem.
Parabéns, Fernando Pereira!
Incentivo aos que na sua peugada entenderem intervir para que a res publica se molde, entre nós, de vestes de distinto jaez.
A res publica como missão indeclinável, irrenunciável, como serviço, como inalienável serviço do povo!
Como se encerra nos pendões dos nautas que novos mundos desvendaram ao Mundo, sem eufemismos nem excessos de patriotismo serôdio,
“A Pátria Honrai que a Pátria vos contempla”!

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