domingo, 3 de novembro de 2024

Por que ainda não conduzimos carros a hidrogénio? Há uma razão para o triunfo dos elétricos

 

A tecnologia por trás dos veículos de passageiros a hidrogénio pode ainda vir a ser transformadora — mas, para já, os veículos elétricos estão a ganhar a batalha. A razão é simples: a economia.

Os veículos movidos a células de combustível de hidrogénio não são apenas matéria de ficção científica ou de experiências longínquas em laboratórios de investigação da indústria automóvel.

Os automóveis a hidrogénio, como o Toyota Mirai e o Hyundai Nexo, já existem, e a tecnologia das células de combustível está a evoluir ativamente e a beneficiar de milhares de milhões de euros em investigação e financiamento de infra-estruturas.

Então, porque é que os carros a hidrogénio são ainda praticamente inexistentes nas estradas de todo o mundo? O que é que aconteceu? Ler mais

 

Ó suma vilania! Sem pontas soltas, trocar as voltas à garantia…

 


(1.º de Novembro de 2024)

Ó suma vilania! Sem pontas soltas, trocar as voltas à garantia…

 

“Expirada a garantia de um veículo usado, adquirido em Fevereiro de 2022, sobreveio um problema na caixa de velocidades. Mandei-o à marca para reparação. Cinco meses depois, vi-me a braços com a mesma pane. Nova reparação, nova factura, esta de 478€ + IVA.

Disseram-me que por cada uma das reparações há uma garantia de seis meses. Se assim for, fui levado porque a avaria ainda estava na garantia.

Pergunto: há mesmo uma garantia de seis meses nestes casos?”

 Ante a factualidade revelada, cumpre emitir opinião:

 1.    Há patente equívoco quando se alude a uma garantia por reparação de seis meses fora do normal procedimento da compra e venda de consumo.

 2.     Na compra e venda de consumo, ao accionar-se a garantia, “em caso de reparação, o bem reparado beneficia de um prazo … adicional de seis meses por cada [uma das] reparaç[ões] até ao limite de quatro …, devendo o profissional, aquando da entrega do bem reparado, transmitir ao consumidor essa informação.” [DL 84/2021: n.º 4 do artigo 18].

 3.    Os seis meses adicionais de garantia só se observam nas hipóteses de compra e venda em que ocorra reposição de conformidade mediante reparação do bem - novo, recondicionado ou usado.

 4.    Não há, por conseguinte, qualquer garantia de seis meses por eventual reparação autónoma fora do quadro da garantia legal.

 5.    O que há é uma garantia de três anos nas prestações de serviço, já que o regime da compra e venda de consumo se aplica também:

 “a) …aos contratos celebrados para o fornecimento de bens a fabricar ou a produzir;

 b) Aos bens fornecidos no âmbito de um contrato de empreitada ou de outra prestação de serviços, bem como à locação de bens, com as necessárias adaptações” [DL 84/2021: als. a) e b) do n.º 1 do art.º 3.º].

6.  Ora, tratando-se de uma prestação de serviços, a garantia legal da compra e venda é aplicável a qualquer reparação (contanto se trate do ponto específico objecto de intervenção): “O profissional é responsável por qualquer [não] conformidade que se manifeste no prazo de três anos a contar da entrega do bem” [DL 84/2021: al. a) do n.º 1 do art.º 12].

7. A reparação inicial está coberta pela garantia, razão por que intervenção subsequente não é susceptível de pagamento: a reparação é-o  «a título gratuito», livre dos custos necessários incorridos para repor os bens em conformidade, nomeadamente o custo de … transporte, mão-de-obra ou materiais” [DL 84/2021: al. a) do art.º 2.º].

8. Nem sequer o preço pode ser expresso, nas relações jurídicas de consumo, em (478 € + IVA), já que preço “é o preço total em que se incluem todos os impostos, taxas e encargos que [nele se repercutam]”, constituindo contra-ordenação grave uma tal formulação [DL138/90: n.º 6 do art.º 1.º; n.º 1 do art.º 11; DL 9/2021: al. b) do art.º 18].

9. Constitui crime de especulação o exigir-se preço indevido pela  reparação: o crime de especulação é passível de pena de prisão de seis meses a três anos e multa não inferior a 100 dias [DL 28/84: art.º 35].

10. Daí que deva exigir da oficina da marca, para além do cumprimento da garantia legal,  a devolução do montante indevidamente pago, denunciando à ASAE, órgão de polícia criminal, tais factos para a instrução dos autos.

 

 EM CONCLUSÃO

a.     As prestações de serviço - no âmbito das relações jurídicas de consumo – seguem o regime da compra e venda [DL 84/2021: al. b) do art.º 3.º].

b.    As prestações de serviço de consumo gozam, por conseguinte,  da garantia legal de 3 anos [DL 84/2021: al. a) do n.º 1 do art.º 12].

c.     A subsequente  reparação está abrangida pela garantia legal, que é gratuita, não sendo devido, pois, qualquer preço [DL 84/2021: al. a) do art.º 2.º]

d.    A cobrança de eventual valor configura crime de especulação cuja moldura é a de prisão de 6 meses a 3 anos e multa não inferior a 100 dias [DL 28/84: art.º 35]

e.    Ainda que fosse devido um preço, a indicação de valor a que acresça o IVA padece de um ilícito de mera ordenação social  grave, passível de coima, de acordo com o Regime das Contra-Ordenações em Matéria Económica [DL 138/90: n.º 6 do art.º 1.º, n.º 1 do art.º 11; DL 9/2021: al. b) do art.º 18].

 Tal é, salvo melhor juízo, o nosso parecer.

 

Mário Frota

presidente emérito da apDC – DIREITO DO CONSUMO - Portugal

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

“O numerário é o meio de pagamento mais seguro”

 


Mário Frota, Presidente Emérito da Associação Portuguesa de Direito do Consumo e Mandatário da Denária Portugal, refletiu sobre o futuro do dinheiro físico e os desafios associados à digitalização financeira, nomeadamente as suas implicações para a soberania dos Estados e a cidadania.

Contextualizou o aumento maciço dos pagamentos digitais a partir da Covid-19, com a tecnologia contactless que permite fazer transações apenas por aproximação ao terminal de pagamento automático, e que permaneceu após o fim da pandemia.

Mário Frota desafiou a sociedade civil a defender a liberdade de escolha em relação aos meios de pagamento e aos riscos de exclusão financeira dos mais vulneráveis, que podem ter acesso limitado às instituições de crédito. Ler mais

Conferência - A teoria do desvio produtivo do consumidor - uma perspetiva ludo-brasileira

𝗔 𝗧𝗘𝗢𝗥𝗜𝗔 𝗗𝗢 𝗗𝗘𝗦𝗩𝗜𝗢 𝗣𝗥𝗢𝗗𝗨𝗧𝗜𝗩𝗢 𝗗𝗢 𝗖𝗢𝗡𝗦𝗨𝗠𝗜𝗗𝗢𝗥 – 𝘂𝗺𝗮 𝗽𝗲𝗿𝘀𝗽𝗲𝘁𝗶𝘃𝗮 𝗹𝘂𝘀𝗼-𝗯𝗿𝗮𝘀𝗶𝗹𝗲𝗶𝗿𝗮.

Ciclo de Conferências.  Responsabilidade Civil no Direito do Consumo.

A segunda conferência do ciclo sobre Responsabilidade Civil no Direito do Consumo versa sobre a Teoria do desvio produtivo do consumidor no âmbito da perspectiva luso-brasileira. O formador, Marcos Dessaune, é Advogado e Autor da Teoria do Desvio Produtivo e do Código de Atendimento ao Consumidor.

A inscrição é gratuita em https://crlisboa.org/wp/2024/10/a-teoria-do-desvio-produtivo-do-consumidor-uma-perspetiva-luso-brasileira/ (ligação na linktree - Formação).
 

Banco de Portugal enjeita os seus poderes-deveres?

Corre por aí a notícia de que as participações apresentadas ao Banco de Portugal contra empresas que vêm recusando ilicitamente a moeda com ...