quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Salário médio em Portugal ganha poder de compra e aumenta quase 100 euros

 

Os trabalhadores por conta de outrem já estão a ganhar poder de compra, revelou esta quarta-feira o ‘Diário de Notícias’: em maio, o valor médio das remunerações declaradas à Segurança Social subiu 95,59 euros (6,3%), para 1.358,18 euros, contra o vencimento médio de 1.262,59 euros registado no mesmo período de 2022. O aumento supera, em 2,3 pontos percentuais, a variação do índice de preços, de 4%, o que significa um ganho médio real para os trabalhadores.

“Em maio de 2023, as remunerações totais declaradas por trabalhador dependente apresentaram um valor médio de 1.358,18 euros”, pôde ler-se no relatório da Segurança Social, publicado esta terça-feira. O aumento do salário médio bruto não só ultrapassou a inflação média anual de maio como também ficou acima dos 5,2%, o limiar mínimo de aumento estabelecido para 2023 no acordo plurianual para melhoria de rendimentos, assinado entre Governo e confederações patronais e sindicatos. Ler mais

Imprensa Escrita - 2-8-2023





 

Garantias, de tão frouxas… Nem te rias que é para trouxas!


De um consulente:

“Tempo houve em que a garantia dos imóveis era – estranhamente! - de seis meses, como o definiu uniformemente o Supremo Tribunal de Justiça.

Uma lei de 1994 veio a conferir aos imóveis uma garantia de 5 anos. Confirmada, de resto, pela Lei de Defesa do Consumidor de 1996. E, mais tarde, pela Lei das Garantias dos Bens de Consumo de 2003.

No projecto da lei que entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2022, a garantia não se alterou.

Lembro-me de ter lido críticas suas ao equiparar um “corta-unhas rombo com 4 reparações”, cuja garantia perfaria 5 anos, a um imóvel com idêntico prazo de garantia.

Posto isto, a pergunta:  como ficou em definitivo a garantia dos imóveis na Lei que saiu em Outubro de 2021 para vigorar a partir de 2022? Há alguma vantagem para os consumidores?”

 

Posta a questão, eis o que se nos oferece:

1.    Com efeito, se bem que o Supremo Tribunal de Justiça, com votos de vencido de ilustres Conselheiros, haja estabelecido – em definitivo – um entendimento de que a garantia dos imóveis, na compra e venda, teria a duração de seis meses, o facto é que o Código Civil de 1966 estabelecia, nos contratos de empreitada, para imóveis de longa duração uma garantia mais confortável, como segue:

“1. …, se a empreitada tiver por objecto a construção, modificação ou reparação de edifícios ou outros imóveis destinados por sua natureza a longa duração e, no decurso de cinco anos a contar da entrega, ou no decurso do prazo de garantia convencionado, a obra, por vício do solo ou da construção, modificação ou reparação, ruir total ou parcialmente, ou apresentar defeitos graves ou perigo de ruína, o empreiteiro é responsável pelo prejuízo para com o dono da obra.”

2.    A Lei Nova da Garantia dos Bens de Consumo de 18 de Outubro de 2021 estabelece a esse propósito o que segue:

 

1 — O profissional responde perante o consumidor por qualquer falta de conformidade que exista quando o bem imóvel lhe é entregue e se manifeste no prazo de:

 

a)     10 anos, em relação a faltas de conformidade relativas a elementos construtivos estruturais;

 

b)   Cinco anos, em relação às restantes faltas de conformidade.

5 — Para efeitos do disposto no n.º 1, o Governo pode aprovar, por portaria, uma lista exemplificativa dos elementos construtivos estruturais dos bens imóveis.”

3.    Esta aparente inovação representa um recuo perante os vícios ocultos dos elementos construtivos estruturais, que dariam um período bem mais confortável sempre que se revelasse, sempre que viessem à tona tais vícios, e nada acrescenta aos 5 anos para as mais desconformidades não estruturais, razão por que se entende que o consumidor fica, com efeito, a perder com esta “prodigalidade” do legislador.

 

4.    Elementos construtivos estruturais são, consoante os manuais, as partes resistentes fundamentais da construção que suportam os esforços a que a edificação está sujeita, funcionando em conjunto e sendo objecto de projecto específico: são elementos que  comprometem a estabilidade da construção e, por vezes, não estão visíveis nem  acessíveis: as pás, os pilares, as sapatas, a laje, a madre.

 

5.    Elementos construtivos não estruturais são as partes não resistentes da construção que são suportadas pelos elementos estruturais, com
funcionalidades diferenciadas, sendo geralmente definidas no projecto de arquitectura: elementos que não comprometem a estabilidade da construção, sendo normalmente visíveis ou de acessibilidade fácil.

 

6.      Estes conceitos não dizem quase nada e dizem tudo, afinal.

 

7.    Uma garantia de 10 anos, sem mais, como o propusémos, permitia acudir a coisas que com cinco anos escapam a quem investe as economias de uma vida, em geral, para comprar uma casa ou paga à banca durante 30 ou 50 anos cinco ou seis casas e só vê uma, na realidade, incluída no seu património.

 

8.    Problema diferente e em que convém atentar é que, quantas vezes, quando consumidor invoca a garantia, já não há empresa de construção civil, já não há promotor imobiliário, nem sombra deles: razão por que importaria revir sobre um Projecto de Lei, apresentado na anterior legislatura, da autoria da então deputada Fátima Ramos, acerca da constituição de um Fundo de Garantia da Habitação (ou da Construção).

 

 

 

EM CONCLUSÃO:

a.     A garantia dos imóveis biparte-se em: 10 anos para os elementos construtivos estruturais; 5 anos para os não estruturais.

b.    O consumidor, com a ilusão dos 10 anos, em vez de ganhar, perdeu com esta “manobra de diversão” do Governo.

c.     Porque as garantias se traduzem, em geral, em algo de efémero por se eximirem os construtores e os promotores às suas responsabilidades, curial seria se encarasse a constituição de um Fundo susceptível de responder pela garantia em caso de não conformidade das edificações com o modelo-padrão.

 

Mário Frota

Presidente emérito da apDC – DIREITO DO CONSUMO - Portugal

Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça n.º 7/2023, de 2


SUMÁRIO
TEXTO


Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça n.º 7/2023

Processo n.º 3655/06.9TVLSB.L2.S1-A

Recurso Extraordinário para Uniformização de Jurisprudência

Acordam no Pleno das Secções Cíveis do Supremo Tribunal de Justiça:

I - RELATÓRIO

1 - PETRÓLEOS DE PORTUGAL - PETROGAL S. A. demandou oportunamente, perante o Tribunal Cível da Comarca de Lisboa e em autos de ação declarativa com processo na forma ordinária, VALLOUREC & MANNESMANN TUBES - V&M FRANCE e XL - INSURANCE COMPANY LIMITED, pretendendo: (i) a condenação da 1.ª Ré no pagamento de (euro) 5.824.787,99, acrescendo juros de mora à taxa legal desde a citação, ou (ii) a condenação da 2.ª Ré nesses mesmos efeitos, no caso de existir seguro que cubra a situação danosa que descreve, ou (iii) a condenação da 2.ª Ré no pagamento do montante coberto pelo seguro e a 1.ª Ré no pagamento do remanescente até à quantia total de (euro) 5.824.787,99 e juros de mora desde a citação.

Alegou para o efeito, em apertada síntese, que:

- Comprou à 1.ª Ré um lote de 429 tubos de aço de distintas características e especificações ((i) aço carbono ASTM A106 Gr B, (ii) aço ligado ASTM A335 P11 (iii) aço ligado ASTM A335P9);

- Os tubos foram adquiridos com vista à substituição dos tubos das câmaras de convecção dos dois fornos (fornos CC-H1A e CC-H1B) de destilação atmosférica da Unidade de Destilação Atmosférica da Refinaria de Sines da Autora;

- Instalados que foram os tubos, veio-se mais tarde a verificar a existência de fissuras passantes de grande extensão em tubos de três serpentinas de um dos fornos;

- A fissuração deveu-se ao facto de os tubos, no seu processo de fabrico, levado a cabo pela 1.ª Ré, não haverem sido submetidos a um tratamento térmico de revenido adequado próprios da especificação ASTM A335 P9; Ler mais

Carta de Direitos dos Serviços Públicos Essenciais

 


Serviços Públicos Essenciais há-os tanto no catálogo como fora dele.

E o catálogo é o da Lei que, vai para 27 anos, se fez publicar entre nós.

A Lei-Quadro de Defesa do Consumidor considerava como tais, ainda que de modo exemplificativo: água, energia eléctrica, gás, telecomunicações e transportes públicos…

A Lei dos Serviços Públicos Essenciais, na sua versão original, abrangia só e tão só: serviços de fornecimento de água, de energia eléctrica; de gás e de telefone.

Na versão de 2004, que curiosamente as bases de dados não referenciam, nem directa nem reflexamente, a Lei das Comunicações Electrónicas subtrai criminosamente do catálogo, por pressão conseguida do oligopólio das comunicações e consentida pelo Parlamento e pelo Governo com a cumplicidade do presidente da República de então, os serviços de comunicações electrónicas.

Só em 2008 é que as comunicações electrónicas, depois de um hiato de quatro nos, regressa ao catálogo, aí se considerando: Ler mais

O ‘DIREITO À REPARAÇÃO’ FINALMENTE EM PAUTA NA UNIÃO EUROPEIA


I

DAS RESOLUÇÕES DO PARLAMENTO EUROPEU

À PROPOSTA DE DIRECTIVA

 ‘REGRAS COMUNS [TENDENTES] À REPARAÇÃO DE BENS’

 

Mário Frota

 Fundador e primeiro presidente da AIDC/IACL – Associação Internacional de Direito do Consumo

 

I

As Resoluções do Parlamento Europeu

 

1.      Os ‘recados’ do Parlamento Europeu à Comissão Europeia em ordem a um ‘direito à reparação’: as sucessivas resoluções

O Parlamento Europeu fez-se intérprete de uma aspiração geral ao pretender traduzir os Objectivos do Milénio para o amplo domínio da sustentabilidade dos produtos de consumo: e exprimiu-a em ensejos vários, consubstanciada nas Resoluções de 04 de Julho de 2017, 25 de Novembro de 2020 e 07 de Abril de 2022, ante os retardamentos detectados nas iniciativas legiferantes da Comissão Europeia.

Em 2017, “O Parlamento Europeu instou a Comissão Europeia a eleger a reparação dos produtos como alvo primacial das suas acções:

          incentivando e propiciando um sem-número de medidas tendentes a tornar a opção “reparação” como mais atractiva,

          pelo  recurso a técnicas de construção e materiais passíveis de promover a reparação dos bens  ou a fácil substituição dos seus componentes com o menor dispêndio possível; recusando veementemente que os consumidores se tornem escravos de um interminável ciclo de reparações e de manutenção de bens inaproveitáveis,

          promovendo, em caso de uma não conformidade recorrente ou de um  período de reparação superior a um mês, a prorrogação da garantia por período equivalente ao tempo indispensável para a reparação,

          apelando a que as partes cruciais para o funcionamento do produto sejam substituíveis e reparáveis, fazendo da susceptibilidade de reparação do produto um dos seus elementos essenciais, quando benéfico, e desencorajando-o, a menos que tal se justifique por razões de segurança.

Tal desideratum reiterou-o em 25 de Novembro de 2020:

• A outorga aos consumidores de um «direito à reparação»

• A promoção da reparação em vez da substituição

• A normalização das peças sobresselentes susceptível de promover a interoperabilidade e a inovação

• O acesso gratuito às informações necessárias para a reparação e a manutenção

• Um cacharolete de informações a cargo dos produtores: disponibilidade de peças sobresselentes, actualizações de «software» e a faculdade de reparação de qualquer produto…

O período mínimo obrigatório para o fornecimento de peças sobresselentes em consonância com a duração de vida estimada do produto após a colocação no mercado da última unidade

• Garantia de um preço razoável para as peças sobresselentes

• Garantia legal para peças substituídas por reparador profissional quando os produtos já não beneficiarem da garantia ordinária

• Criação de incentivos, como o «bónus do artesão», susceptíveis de promover as reparações, em particular após o termo da garantia legal.

E dele se fez eco de modo insistente em 2022, instando nomeadamente à

• Reparação proporcionada numa concertação de princípios: o da sustentabilidade, o dos interesses económicos e o da economia social de mercado altamente competitiva:

          Acesso a peças sobresselentes e a manuais de instruções

          A quebra de sigilo e a transparência de processos no que tange à composição de produtos, diagnóstico e reparação

          Obstar à obsolescência, cominar, ao menos, como ilícitos de mera ordenação social práticas de um tal jaez.

Um instrumento normativo em sede de  Concepção Ecológica mais abarcante, com maior gama de produtos, que não circunscritos aos que relevam das energias

• Eleger a informação como algo de primacial

• Conferir papel fundamental ao rótulo ecológico da UE no incentivo à adopção, por parte da indústria, de políticas de rotulagem que transmitam aos consumidores informações fundamentais do ciclo de vida dos produtos

• Prover a incentivos financeiros para os serviços de reparação, por forma a tornar a reparação conveniente e atractiva para reforço dos direitos dos consumidores e das garantias para uma utilização mais prolongada dos bens.

Um ror de evocações, que quase caíram em saco roto!

2.      O iter legislativo

Muita água se precipitou, entretanto, pontes abaixo até que - sob a forma de Proposta de Directiva - a Comissão Europeia se permitiu trazer a lume um texto: a 22 de Março pretérito.

Finalmente… algo acontece, nos desacertos com que legisladores menos experimentados e determinados nos brindam. Conquanto de distintos quadrantes houvesse a percepção, aliás, infundada, de que a União Europeia consagrara já, desde 2019, de plano, um direito universal à “reparação”.

Estatuir em matéria de assistência pós-venda, de modo restrito, em termos de disponibilidade de sobressalentes por 7, 10 anos de produtos que mal se contam pelos dedos de uma só mão, como ocorreu com Regulamentos de Execução da Comissão Europeia, é algo que de todo se não confunde com a outorga de um autêntico  direito à reparação”, vero e próprio, com as consequências que de um tal direito emergem e terão de ser doravante convenientemente esquadrinhadas.

II

A PROPOSTA DE DIRECTIVA DE 22 MARÇO DE 23

 

1.      A obrigação de reparação que pende sobre produtores

O Regulamento ‘Ecodesign de Produtos Sustentáveis’, ora na forja no Parlamento Europeu, “estabelece, em particular, requisitos do lado da oferta que perseguem o objectivo de um design de produto mais sustentável na fase de produção”, ao passo que a Directiva ‘Empoderamento dos Consumidores para a Transição Ecológica’, de análogo modo em preparação, definirá os requisitos do lado da procura, assegurando uma mais adequada informação sobre a durabilidade e reparabilidade dos bens no ponto de venda, susceptível permitir aos consumidores decisões esclarecidas em torno de uma qualquer compra sustentável.

O instrumento de que por último se trata prossegue destarte os objectivos, no quadro do European Green Deal, de promover um consumo mais sustentável, uma economia circular, na essência e por definição, e a transição ecológica versada  num dado número de planos, projectos e programas adoptados na União Europeia, em processo complexo e, por vezes, fonte de fundas perturbações.

A Proposta de Directiva, sob a consigna “Regras Comuns ‘Tendentes’ à Reparação dos Bens”, consagra, enfim, o denominado “direito à reparação” por que há tanto se clama: e disso são exemplo recorrente os sucessivos instrumentos no passo precedente recortados....

Nela se define que os Estados assegurarão, a rogo do consumidor, que o produtor repare, gratuitamente ou contra retribuição ou outra qualquer contrapartida, os bens para os quais e na medida em que os requisitos de reparação se achem previstos em actos jurídicos da União.

A disciplina vertida na directiva não é susceptível de embargar a liberdade de os Estados regularem a se os contratos de prestação de serviços de reparação de todo não previstos pelo direito da União.

Os requisitos a que a obrigação de reparação se submete incluirão os que assegurem, ao abrigo de tais actos jurídicos, as operações nela imbricadas.

Neles se inserirão, entre outros, os constantes do quadro de concepção ecológica, a que o Regulamento em perspectiva proverá, de molde a  abranger uma vasta gama de produtos, bem como os desenvolvimentos futuros em qualquer outro domínio.

 

1.1.           Destrinça conceitual entre o “direito de reparação” e o “direito à reparação”

De assinalar, entretanto, que o “direito à reparação” se não confunde com o “direito de reparação” que emerge como um dos remédios em caso de não conformidade do bem com o contrato, de harmonia com a Directiva “Compra e Venda de Bens” de 20 de Maio de 2019 e da correspondente translação normativa para o ordenamento jurídico pátrio, o Decreto-Lei n.º 84/2021, de 18 de Outubro.

O “direito de reparação” figura no artigo 15 do diploma legal, por último assinalado, aí se estatuindo, no seu n.º 2, que cabe ao consumidor:

“escolher entre a reparação ou a substituição do bem, salvo se o meio escolhido para a reposição da conformidade for impossível ou, em comparação com o outro meio, impuser ao fornecedor custos desproporcionados, tendo em conta todas as circunstâncias…” (1)

Não se confunda, por conseguinte, o direito que emerge das garantias dos bens de consumo [o de reparação] do “direito à reparação” que inere a todo e qualquer bem de consumo, nas coordenadas da sustentabilidade e como forma de tornar mais longevas as coisas…

Aliás, em decorrência da Directiva “Omnibus”, a Lei-Quadro de Defesa do Consumidor, em vigor em Portugal, estatui no n.º 5 do seu artigo 9.º que

O consumidor tem direito à assistência “pós-venda”, com incidência no fornecimento de peças e acessórios, pelo período de duração média normal dos produtos fornecidos.” (2)

O ‘direito à reparação’ é particularmente vincado nas Resoluções do Parlamento Europeu, sucessivamente editadas a 04 de Julho de 2017, de 25 de Novembro de 2020 e 07 de Abril de 2022.

 

1.2.           Atenuações ou exclusões

O produtor não será obrigado a reparar os bens sempre que a reparação for impossível, à semelhança do que ocorre, aliás, no quadro da Directiva “Compra e Venda de Bens” e dos instrumentos transpositivos do direito nacional.

É lícito ao produtor subcontratar a reparação por forma a cumprir a obrigação de reparação que sobre si impende.

Se o produtor adstrito à obrigação de reparar se não achar  estabelecido no Mercado Interior, transfere-se para o seu representante autorizado a inerente obrigação.

Se não houver representante autorizado na União, o importador em referência substituir-se-á ao produtor.

Não havendo importador, incumbirá ao distribuidor a obrigação de reparação, de molde a que os consumidores não sejam despojados dos seus direitos, na esteira do que prescrevem inúmeros instrumentos com o selo da União.

 

1.3.           Especial obrigação do produtor

Os produtores devem assegurar que os reparadores independentes acedam a peças sobressalentes

Há que facultar-lhes ainda o acesso a  informações (aos manuais com adequadas instruções) e a ferramentas indispensáveis aos trabalhos de reparação (em conformidade com os actos jurídicos da União enumerados no anexo, de que ora não cumpre curar).

1.4.           Informação sobre obrigação de reparação

Os Estados-membros assegurarão que os produtores informem os consumidores da obrigação de reparação que sobre si recai.

E que forneçam informações sobre os serviços de reparação de forma facilmente acessível, clara e compreensível, nomeadamente através da plataforma em linha a que noutro passo se alude.

1.5.           Incumbências da Comissão Europeia

A Comissão Europeia fica habilitada a adoptar actos delegados por forma a que se opere a alteração dos instrumentos em que se plasmem os bens que ao direito à reparação se submetem, actualizando a lista dos competentes actos jurídicos com os requisitos de reparabilidade, à luz da evolução legislativa observada.

2.       Formulário Europeu de Informação sobre Reparações

O Formulário Europeu de Informações sobre Reparações deve estabelecer parâmetros-chave que influenciem as decisões do consumidor ao considerar a possibilidade de reparar bens que se mostrem com vícios, avarias ou defeitos.

A Directiva estabelece um modelo de formato normalizado.

O formato padronizado conferirá aos consumidores avaliem e comparem de modo simples os serviços: o formato padronizado também deve propiciar o processo de fornecimento de informações sobre serviços de reparação, em particular para micro, pequenas e médias empresas prestadoras de serviços de reparação.

 

2.1.        O modelo

O Formulário Europeu de Informações sobre Reparações especificará forma clara e compreensível as condições em que a  reparação se operará, como segue:

§  A identidade do reparador;

 §  O endereço geográfico em que o reparador se acha estabelecido, bem como o número de telefone e o endereço de correio electrónico e, se disponível, outros meios de comunicação em linha que permitam contactos de forma forma rápida e eficiente;

 

§  o produto susceptível de ser reparado;

 

§  a natureza do vício, avaria ou defeito e o tipo de reparação sugerido;

 

§  o preço ou, se o preço não puder ser razoavelmente calculado de modo antecipado, a forma pela qual  deve ser calculado e a revelação o preço máximo para a reparação;

 

§  o tempo estimado necessário para conclusão dos trabalhos;

 

§  a disponibilidade de bens de substituição no decurso do lapso de tempo de reparação e os encargos devidos para o efeito, se os houver;

 

§  o local de entrega dos bens para reparação,

 

§  quando aplicável, a disponibilidade de serviços auxiliares, como remoção, instalação e transporte, oferecidos pelo reparador e os encargos devidos por tais serviços, se houver, para o consumidor.

 

 

3.       Plataforma de Reparação em Linha

Cada um dos Estados-membros aparelhará, ao menos, uma plataforma em linha que permita aos consumidores saber onde se estabelecem os reparadores.

A Plataforma

·         Congregará as funções de pesquisa de bens, localização dos serviços de reparação, condições de reparação, previsão do tempo necessário para o efeito, disponibilidade de bens de substituição e o local de depósito do bem, condições acessórias de serviços, incluindo remoção, instalação e transporte, para além dos padrões de qualidade adoptados, europeus ou nacionais;

 

·         Nela se solicitará o Formulário Europeu de Informações sobre Reparações;

 

·         Assegurará actualizações regulares de informações de contacto e serviços pelos reparadores;

 

·         Revelará a adesão às normas de qualidade europeias ou nacionais aplicáveis;

 

·         Garantirá o acesso a pessoas vulneráveis, designadamente a portadoras de deficiência

 

·         Garantirá ainda o acesso a sítios nacionais conectados ao Portal Digital Único edificado sob Regulamento Europeu de 2018.

Os Estados são livres de decidir quais as oficinas de reparação susceptíveis de se registar na plataforma em linha, desde que o acesso o seja em condições de razoabilidade e não discriminação, em conformidade com o direito vigente na União.

E asseguram que os operadores económicos em condições de prestar tais serviços acedam de modo simples à plataforma em linha.

Cumpre aos Estados definir os termos da plataforma em linha, v.g., através do auto-registo ou da extracção a partir de bases de dados existentes com o consentimento dos reparadores, ou impondo aos aspirantes ao registo, se for o caso, uma qualquer  taxa susceptível de cobrir os custos de funcionamento da plataforma.

Para garantir uma ampla escolha de serviços de reparação na plataforma, assegurarão que o acesso se não limite a uma categoria específica de reparadores. Conquanto se lhes apliquem os requisitos nacionais relativos, por hipótese, às qualificações profissionais necessárias, cumpre assegurar que a plataforma se abra a todos os reparadores que observem tais requisitos.

Os Estados serão também livres de decidir se e em que medida as iniciativas de reparação no seio da comunidade, como os cafés ou os clubes  de reparação “tipo mecânica popular”, podem registar-se na plataforma, face às considerações de segurança, quando relevante.

Tal possibilidade deve ser presente de forma destacada na plataforma.

Para divulgar as plataformas nacionais e facilitar o acesso a tal em toda a União, os Estados assegurarão que a elas se aceda através de páginas Web nacionais conectadas ao Portal Digital Único.

Para atrair os consumidores para as plataformas, adoptar-se-ão medidas adequadas, a saber, as da divulgação em sítios Web nacionais conexos ou apropriadas campanhas de comunicação.

Eis o que cumpre, na circunstância e, em primeira mão, revelar.

________________________________________

(1)   E, no seu artigo 18, se pormenoriza o “modus agendi”, a saber:

“…

2.         A reparação… do bem é efectuada:

a) A título gratuito;

b) Num prazo razoável a contar do momento em que o [fornecedor] tenha sido informado pelo consumidor da [não] conformidade;

c) Sem grave inconveniente para o consumidor, tendo em conta a natureza dos bens e a finalidade a que o consumidor os destina.

3.         O prazo para a reparação… não deve exceder os 30 dias, salvo nas situações em que a natureza e complexidade dos bens, a gravidade da [não] conformidade e o esforço necessário para a conclusão da reparação… justifique um prazo superior.

4 — Em caso de reparação, o bem reparado beneficia de um prazo de garantia adicional de seis meses por cada reparação até ao limite de quatro reparações, devendo o fornecedor, aquando da entrega do bem reparado, transmitir ao consumidor essa informação.

5 — Quando a reparação exigir a remoção do bem que tenha sido instalado de uma forma compatível com a sua natureza e finalidade antes de a não conformidade se ter manifestado, a obrigação do profissional abrange a remoção do bem não conforme e a instalação de bem reparado… , a suas expensas.

…”

(2)   Aliás, a Lei da “Compra e Venda de Bens” de 18 de Outubro de 2021, em que se estatuem as garantias que lhes inerem, contém, na versão actual, sob a epígrafe “serviço pós-venda e disponibilização de peças”, os regramentos que sege:

 “1 — Sem prejuízo do cumprimento dos deveres inerentes à responsabilidade do profissional ou do produtor pela falta de conformidade dos bens, o produtor é obrigado a disponibilizar as peças necessárias à reparação dos bens adquiridos pelo consumidor, durante o prazo de 10 anos após a colocação em mercado da última unidade do respectivo bem.

2 — A obrigação prevista no número anterior não é aplicável a bens cuja obrigatoriedade de disponibilização de peças esteja prevista em regulamentação da União Europeia específica em matéria de concepção ecológica, a qual prevalece, nem a bens perecíveis ou cuja natureza seja incompatível com o prazo referido no número anterior.

3 — No caso de bens móveis sujeitos a registo, o profissional deve, pelo período previsto no n.º 1, garantir assistência pós-venda em condições de mercado adequadas.

4 — No momento da celebração do contrato, o profissional deve informar o consumidor da existência e duração da obrigação de disponibilização de peças aplicável e, no caso dos bens móveis sujeitos a registo, da existência e duração do dever de garantia de assistência pós-venda.”

Comerciantes de Lisboa: "Alguns só vêm encher as garrafas de água ao café e nem pedem"

 Peregrinos atulham esplanadas da Baixa de Lisboa, mas nem todos ajudam negócio dos comerciantes. 

No primeiro dia do arranque oficial da Jornada Mundial da Juventude, ainda há vários comerciantes que não estão a sentir o retorno financeiro esperado para um evento desta dimensão. Outros, pelo contrário, vendem mais e até já tiveram de reforçar os salgados. Peregrinos de todo o Mundo andaram, esta tarde de terça-feira, pela Baixa de Lisboa, a conhecer igrejas e museus antes da missa de abertura.

A esplanada da pastelaria Benard, em Lisboa, está cheia de peregrinos, mas o cenário aparentemente animador para os comerciantes não significa que o negócio esteja a correr bem. “Alguns só vêm encher as garrafas de água e nem pedem. Outros estão horas sentados a conversar, mas só bebem um café. São jovens, também não têm muito dinheiro para gastar”, queixa-se Filipa Montes, gestora da pastelaria. A empresária acrescenta que “a maioria dos lisboetas saíram da cidade esta semana e os clientes habituais não vieram”.  Ler mais

 

Concorrência cresce nos medicamentos contra diabetes e obesidade

  Reguladores de outros países estão a dar ‘luz verde” a produtos que utilizam os ingredientes principais dos medicamentos das duas farmac...