Com Donald Trump na presidência dos EUA, reacenderam-se os alarmes em Bruxelas, não tanto por motivos militares ou diplomáticos, mas por uma ameaça digital potencialmente devastadora: a possibilidade de Washington cortar o acesso da Europa à infraestrutura tecnológica dominada por empresas norte-americanas.
Com mais de dois terços do mercado europeu de computação em nuvem controlado por Amazon, Microsoft e Google, a União Europeia reconhece a urgência de reduzir a sua dependência externa.
“Trump odeia a Europa. Ele acha que a UE existe para irritar os EUA”, afirmou Zach Meyers, diretor de pesquisa do think tank CERRE, ao ‘Politico’. A tensão transatlântica agrava-se perante a hipótese de um “apagão digital” causado por uma simples ordem executiva. A ameaça não é apenas teórica: em maio, o procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional, Karim Khan, perdeu o acesso ao seu e-mail da Microsoft após sanções impostas pelos EUA. Apesar de a empresa negar envolvimento direto, o caso revelou a vulnerabilidade europeia.
Em resposta, a UE está a preparar o projeto “EuroStack”, um plano de investimento de 300 mil milhões de euros que visa criar uma infraestrutura digital europeia, do hardware ao software. O objetivo é claro: Comprar produtos europeus, vender produtos europeus e financiar produtos europeus. Ainda assim, a proposta enfrenta resistência interna, com receios de um impacto negativo nas relações com os EUA.
A comissária europeia Henna Virkkunen alertou que o bloco enfrenta o “risco de instrumentalizar as nossas dependências tecnológicas”. Já Francesca Bria, especialista em inovação digital, resume a urgência da situação: “Basta uma ordem executiva para nos excluir. A Europa confiou cegamente nos EUA. Agora a situação é muito diferente.”

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