O número de trabalhadores por conta de outrem que recebem o salário mínimo nacional (SMN) desceu, no segundo trimestre, para o valor homólogo mais baixo desde o início da governação de Costa. Comparando apenas 2022 com 2023, são menos 98 mil trabalhadores a auferirem o SMN. Hoje, a diferença entre homens e mulheres é de apenas cerca de cinco mil, o que a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, enaltece ao DN. Acontece que, num período mais recente, saídos da pandemia, com a recuperação do turismo e do comércio, dada a escassez de mão de obra e a inflação a comer praticamente o valor real do aumento do SMN, conforme aponta o especialista em Economia do Trabalho, João Cerejeira, "as empresas sentiram-se pressionadas a aumentar mais os salários".
Entre
2006 e 2023, os aumentos sucessivos do SMN geraram uma subida do poder
de compra acumulado de 43%, enquanto o salário real médio nacional se
ficou por um crescimento de apenas 4,2%, nota o economista João César
das Neves no mais recente livro, escrito em conjunto com Luís Valadares
Tavares, Portugal: porquê o país do salário abaixo de mil euros?, da D.
Quixote. "Para o Governo é excelente, porque parece que melhora a
situação dos trabalhadores sem gastar um cêntimo. Quem paga o salário
mínimo são as empresas, não o Estado, que, no entanto, fica com os
louros políticos. Por outro lado, a medida beneficia evidentemente todos
os trabalhadores que, no fundo da escala, mantêm o emprego", explica.
Estando a evolução dos salários estritamente ligada à evolução da
economia, é inegável a sua enorme dependência da produtividade do
trabalho, em que o nosso desempenho é mau, nota César das Neves: "Ora, o
que é especialmente grave é o desafio da produtividade estar ausente da
agenda nacional, pois é tema que não surge no quotidiano nacional!" -
dispara. Ler mais
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