quarta-feira, 5 de abril de 2023

"MEMÓRIAS: Mário Frota no "Correio da Manhã" há uma vintena de anos..."

 PASSAR DO PROJECTO À OBRA

Estima-se em 10 mil/ano o número de acidentes em parques infantis, em Portugal. Nos finais dos anos 90 as urgências hospitalares registaram cerca de cinco mil sinistros.
 
Os números, fruto de uma projecção com base em revelações do Sistema Europeu de Vigilância de Acidentes Domésticos e de Lazer, na sua crueza, impressionam deveras. 
Se se escalpelizarem as reais causas de sinistros tais, o que deles se desprende é a incúria, o desmazelo, o descaso das autoridades a quem cabe a preservação dos lugares e dos equipamentos.
A sociedade de risco acrescido em que vivemos não se compadece com a imperícia, a inconsideração, a imprudência a que se imputam os acidentes. 
À sociedade de risco há que contrapor uma cultura de segurança. 
Não se nos afigura lícito, sequer, asseverar que a segurança é real quando as ocorrências se sucedem com maior ou menor publicidade e /ou notoriedade. 
De entre as clamorosas falhas de segurança que se detectam, assinale-se a existência de arestas vivas, rebarbas ou superfícies rugosas nos equipamentos, pregos, parafusos e mais artefactos pontiagudos salientes, espias, cordas, cabos ou correntes sem a necessária resistência ou em estado de degradação, superfícies abrasivas ou susceptíveis de provocar queimaduras.
O Regulamento tardara: veio a lume tão-só em finais de 97. 
Do projecto à obra, como diria Molière, dista um abismo. 
A obrigação geral de segurança, alçada em trave mestra do “edifício”, permanece inacessível, a despeito das iniciativas de imediato empreendidas num sem-número de municípios. 
A cultura de segurança tem de ser sedimentada dia após dia, incessantemente, sem quebras de qualquer ordem

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