A maioria das pessoas não pensa no impacto que as suas escolhas diárias tem nos ecossistemas aquáticos, no entanto, os mesmos estão a ser afetados pelas águas residuais. Uma equipa da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (UCSB) decidiu estudar a presença de nitrogénio e de outros patógenos em mais de 130 mil bacias hidrográficas do mundo.
“Estimamos que 25 bacias hidrográficas contribuam com aproximadamente 46% das entradas globais de nitrogénio das águas residuais no oceano”, afirma Cascade Tuholske, um dos investigadores do estudo. Os resultados demonstram que quase metade do nitrogénio é efetivamente proveniente das águas residuais humanas, e não dos resíduos agrícolas.
Este aumento está a provocar a eutrofização das águas. Segundo a UCSB, trata-se de “um fenómeno no qual nutrientes excessivos criam florações de fitoplâncton perto da costa que produzem toxinas e privam as águas do oxigénio”. Além deste fenómeno prejudicar a sobrevivência da vida marinha, tem também impacto na cadeia alimentar.
“Todos os ecossistemas podem chegar a um estado altamente degradado quando os níveis de nutrientes estão muito altos. Os recifes de coral podem ser convertidos em campos de algas que crescem demasiado e matam os corais abaixo deles”, explica Benjamin Halpern, autor do estudo e diretor do Centro Nacional de Análise e Síntese Ecológica da UCSB. “O nosso trabalho ajuda a mapear onde os nutrientes das águas residuais estão provavelmente a expor estes ecossistemas a um maior risco”.
Outras das observações dos autores foi o impacto que o sistema alimentar de cada país tem nos ecossistemas marinhos. O aumento da carne nas dietas modernas, adotadas principalmente pelos países mais ricos, aumenta também a presença de nitrogénio nas águas residuais. “Quantos mais hambúrgueres as pessoas comem, mais nitrogénio entra no oceano”, aponta Cascade Tuholske.
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