O apagão que atingiu a Portugal na passada segunda-feira, 28
de abril, deixou milhões de pessoas incomunicáveis durante horas. Sem
cobertura móvel, internet ou televisão, muitos portugueses viram os seus
smartphones tornarem-se inúteis. No entanto, houve um recurso que se
manteve funcional: a rádio FM. Aqueles que ainda possuíam telemóveis com
recetores de rádio puderam continuar a receber informações em tempo
real.
Este episódio reacendeu o debate sobre a exclusão da rádio FM dos
dispositivos móveis. Atualmente, poucos smartphones incluem este
recurso, uma vez que ele deixou de vir pré-instalado como aplicação e
depende, na maioria das vezes, de um conector de áudio de 3,5 mm —
elemento cada vez mais ausente nos modelos recentes.
Segundo especialistas, os fabricantes de smartphones optam por
remover o chip de rádio FM para poupar espaço interno e dar prioridade a
componentes mais modernos. A tendência de tornar os dispositivos mais
finos e leves também contribui para essa decisão, explica o ‘20 bits’.
Outro
fator que contribuiu para o desaparecimento da rádio FM nos telemóveis é
a popularização dos auriculares sem fios, que substituíram os modelos
com fios tradicionalmente usados como antena. A eliminação do conector
de áudio tradicional em favor da porta USB-C reforça esta mudança de
paradigma.
Num momento em que se discute a importância da resiliência dos
sistemas de comunicação, este incidente em Portugal e Espanha levanta
questões sobre o papel da rádio FM como ferramenta essencial em
situações de emergência — e se deveria regressar como funcionalidade
padrão nos smartphones.