(LIDL: verdíssima no domingo, na
manhã de terça com este “fenomenal” aspecto…)
Cousas simples. Contadas de
forma simples.
As bananas servem-se verdes, à
boca dos super e hipermercados.
Sem contar com as da Madeira
ou com a moda das “bio”, cujos preços são mais escaldantes, as importadas da
América Latina variam dos 0,99 € (em promoção) aos 1, 39 €.
A banana é o produto que
serve, pelo preço, para atrair os clientes que, arrastados pelos descontos,
acabam, sem estudos “económicos de base”, por fazer as compras todas do mesmo
espaço…
E quem usa das estratégias
mercadológicas para o efeito sabe o que faz…
E a molde de consumidores vai
atrás!
Em geral, as bananas apresentam-se
ainda em estado de nula ou fraca maturação: vendem-se verdes.
Só que quando amadurecem, em
casa, ainda que com todos os cuidados, aparecem “pôdres” no interior.
E não se sabe de nenhum
consumidor que haja posto de parte quilos e quilos de banana estragada para os
reclamar à porta dos super e hipermercados.
Para quem aprende as primeiras
letras em direito, fala-se em negócios comutativos e em negócios aleatórios.
O que são negócios
comutativos? Aqueles em que há prestações certas e determinadas, ou seja, em
que é possível descortinar as suas vantagens e desvantagens: compra-se uma
coisa sã que deve ter-se como tal. E se não estiver, actua-se a garantia…
Já nos negócios aleatórios, o
risco é o elemento central do negócio, havendo uma incerteza quanto às
vantagens e desvantagens dele resultantes.
No caso das bananas e das
frutas, em geral, os negócios são comutativos: paga-se o preço por bens
(perecíveis, é certo), mas em boas condições: quando amadurecem, as boas
condições não se verificam, os bens estão pôdres por dentro e são imprestáveis,
a incerteza é a regra. Com sorte, a coisa corre bem. Sem sorte, é um desastre.
Paga-se para deitar tudo (ou quase) no cesto do lixo…
Mas, no fundo, é de um negócio
aleatório que se trata, ou seja, não se sabe o que se compra. E suporta-se o
prejuízo como se se tivesse celebrado um negócio aleatório. O que é uma
contradição nos próprios termos.
E quem se aprestará a reclamar?
A exigir a garantia, que é a dos perecíveis, sempre que tal ocorra (e ocorre
com inusitada frequência)?
Que se saiba… ninguém! Ninguém
gasta meias solas a reclamar, a devolver, a consumir combustível para uma
reclamação do estilo. E as pessoas acumulam prejuízos que, somados, podem redundar
em contas caladas.
A diferença que se detecta
para as frutarias tradicionais é que se compra a fruta ou já madura, com conta,
peso e medida, ou próxima disso. E os riscos são menores.
E há até preços mais em conta
quando a fruta está mesmo madura, quase, quase a passar do ponto.
Esta simples reflexão vai mais
longe.
É preciso ter cuidado com os
pré-embalados. Falamos da fruta.
Uma ou mais peças pode estar
já em estado de decomposição e não ser detectável a olho nu porque escondida no
interior da embalagem. E não se compreende porque razão estas superfícies
comerciais não vendem os produtos a granel, antes os escondem em embalagens
calibradas, muitas não chegam a ter um quilo, em que “a maçã pôdre” pode tomar
conta do “pacote” todo num ápice…
No outro dia, nós mesmos,
rudimentarmente, fizemos uma experiência, numa das grandes insígnias da
distribuição alimentar em Coimbra: as caixas de cereja, de 1kg., não tinham a
tara. E não era fácil sabê-lo.
Pesámos 3 caixas. Três pesos
diferentes, 1,046 kg.; 1,168 kg.; 1, 206 kg.
Coisas simples. Que fazem uma
enorme diferença.
A crónica da semana sabe a
casca de banana. E a banana da Colômbia (peça a peça) não traz opiáceos, mas
tem bicho dentro… E com bicho, claro, é tudo mais caro!
Coisas simples que escapam às
pessoas simples, mas lhes sai caro, pois claro…
Mário Frota
presidente emérito da apDC – DIREITO DO CONSUMO - Portugal