Dois dias depois do almoço, meu corpo ainda lembrava.
A dor de cabeça latejante.
O estômago revirado.
Os olhos ardendo como se tivessem sido esfregados com areia fina.
Sintomas discretos demais para um pronto-socorro, graves demais para ignorar.
Comida reaquecida, provavelmente. Proteína descongelada de forma inadequada, quem sabe. O prato tinha aquele aspecto - sabe? - de quem foi resgatado do freezer e jogado no micro-ondas com pressa.
Mas eu comi.
Claro que comi.
A gente sempre come.
Intoxicações alimentares como a minha acontecem todos os dias.
Na maioria das vezes, duram pouco - uma noite ruim, dois dias de mal-estar - e desaparecem sem deixar rastro. Não vão para estatística nenhuma. Não geram investigação. Não acionam vigilância sanitária. Ler mais

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