quinta-feira, 21 de julho de 2022

OS JAVALIS ANDAM POR AÍ E NÃO PAGAM PORTAGEM

“Em circulação por uma das auto-estradas do País, a velocidade regular, saiu-me um javali, disparado da berma, e o inevitável aconteceu. Não pude evitar a colisão e os prejuízos foram consideráveis.

As viaturas de socorro apareceram. Mas a concessionária recusa-se a indemnizar-me porque, diz, a rede de vedação, no local, não está estragada e a patrulha que circula regularmente não detectou nada de anormal no troço percorrido.”

 1.    No momento em que a portagem se franqueia, o consumidor estabelece, de harmonia com o nosso entendimento, um contrato com a concessionária da auto-estrada.

 2.    Contrato que é de consumo, segundo a LDC:

“Consideram-se incluídos … os bens, serviços e direitos fornecidos, prestados e transmitidos pelos organismos da Administração Pública, por pessoas colectivas públicas, por empresas de capitais públicos ou detidos maioritariamente pelo Estado, pelas regiões autónomas ou pelas autarquias locais e por empresas concessionárias de serviços públicos.”

2.1.Logo, nestes termos e por aplicação de regras gerais, “incumbe [à concessionária] provar que a falta de cumprimento ou o cumprimento defeituoso da obrigação não procede de culpa sua.”

 3.     Os tribunais consideravam, nestes casos, que se estava não perante responsabilidade contratual, porque não havia qualquer contrato, qualificando a eventual responsabilidade como extracontratual (fora de contrato). E daí que se impusesse ao lesado a prova de que havia culpa da concessionária. O que não estava, em geral, ao seu alcance. E não o contrário, isto é, à concessionária a prova de que tudo fizera para evitar que tal ocorresse.

 4.    O Supremo Tribunal de Justiça já tomou, perante casos análogos, várias posições: da responsabilidade extracontratual à responsabilidade contratual (ainda que de contratos com eficácia para protecção de terceiros).

 5.    Mas houve Relações a considerar que se estava perante um contrato inominado ou até perante um contrato civil, o que não é, segundo o nosso entendimento, patentemente o caso. Só que nem sempre se tem, nem mesmo no Supremo Tribunal de Justiça, noção do que sejam contratos de consumo… como em ensejos vários, nomeadamente em conferências de Norte a Sul do País, temos vindo a revelar com exemplos tirados dos acórdãos ali prolatados.

 6.    Em 2007, uma lei de 18 de Julho (Lei 24/2007: art.º 12) veio a consagrar uma presunção legal de culpa.

“1. Nas auto-estradas,…, e em caso de acidente rodoviário, com consequências danosas para pessoas ou bens, o ónus da prova do cumprimento das obrigações de segurança cabe à concessionária, desde que a respectiva causa diga respeito a:

a) Objectos arremessados para a via ou existentes nas faixas de rodagem;

b) Atravessamento de animais;

c) Líquidos na via, quando não resultantes de condições climatéricas anormais.

2 - … a confirmação das causas do acidente é obrigatoriamente verificada no local por autoridade policial competente, sem prejuízo do rápido restabelecimento das condições de circulação em segurança.”

7.    A norma foi impugnada, por inconstitucional, pela BRISA, mas o Tribunal Constitucional, em 2009, em duas decisões consecutivas, negou razão à concessionária.

7.1.Por acórdão de 09 de Setembro de 2008, o STJ decretara que “a prova do cumprimento genérico obrigações de vigilância e de conservação das vedações da via não basta para a demonstração da observância dos deveres, a cargo da concessionária, de garantir aos utentes a circulação em boas condições de comodidade e segurança viária. Em causa estão, com efeito, certas vias especiais, destinadas ao trânsito rápido, proporcionando a quem as utiliza uma expectativa de circulação em segurança a velocidades até 120 kms/hora, sem que lhe seja exigível um estado de alerta permanente perante a possibilidade de repentino surgimento de obstáculos na via, provocando perigo de despiste, tais como animais a atravessá-la. Quando, apesar da existência de vedações, um cão se introduz na auto-estrada, existe, em princípio, um incumprimento concreto por parte da concessionária, porquanto, nos termos do contrato que celebrou com o Estado, ela se comprometeu, além do mais, a assegurar permanentemente, em boas condições de segurança e comodidade, a circulação nas auto-estradas. E tal presunção de incumprimento subsistirá sempre que, como no caso vertente, seja ignorada a concreta razão da introdução do animal na via.”

8.    Lamentável é que a concessionária, sem mais, se escuse sistematicamente à assunção de responsabilidades e prefira a lide à composição amigável de interesses.

 

Mário Frota

Presidente emérito da apDC – DIREITO DO CONSUMO - Portugal

Imprensa Escrita - 21-7-2022






 

Depressão é a causa de uma cada cinco hospitalizações por doença mental

 
A depressão motivou uma em cada cinco hospitalizações por doença mental a nível nacional, entre 2008 e 2015, revela um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, do Cintesis e do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa.

De acordo com dados disponibilizados hoje à agência Lusa pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), e analisados registos de doentes adultos, em oito anos registaram-se 28.569 hospitalizações por depressão, o que correspondeu a um custo a rondar os 74,4 milhões de euros.

O estudo partiu de dados administrativos de todos os hospitais públicos de Portugal Continental.

De 2008 a 2015, mais de 19% dos episódios com duração superior a 24 horas em hospitais públicos foram atribuídos a perturbação depressiva. Ler mais

 

Governo paga 460 euros por mês por criança para creches gratuitas

 

A medida resulta de um acordo entre Governo, União das Misericórdias e Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, anunciado no Parlamento pelo primeiro-ministro, António Costa. 

O Estado vai pagar 460 euros por mês por cada criança junto das Instituições Particulares de Solidariedade Social para garantir a gratuidade das creches a partir de setembro. A medida resulta de um acordo entre Governo, União das Misericórdias e Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, anunciado pelo primeiro-ministro, António Costa, no debate do Estado da Nação.

Em declarações à edição desta quinta-feira do jornal Público (acesso pago), o líder o padre Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, considerou que o valor pago “não é o desejado” embora o montante fosse “suficiente e satisfatório”. Ler mais

 

Governo aprova hoje nova edição do Simplex. Dos exames de saúde digitalizados à pensão social ‘online’, recorde as principais medidasO Governo vai aprovar esta quinta-feira, em Conselho de Ministros, um novo pacote Simplex que inclui medidas de digitalização de receitas médicas ou para facilitar a renovação de documentos pessoais. O anúncio da aprovação foi feito na quarta-feira pelo primeiro-ministro, António Costa, durante o debate do Estado da Nação, que decorreu ontem Assembleia da República. “A nova edição do Simplex, que o Conselho de Ministros aprovará na quinta-feira, inclui dezenas de medidas que vão simplificar a vida dos cidadãos”, começou por referir o governante, enumerando algumas.

 

O Governo vai aprovar esta quinta-feira, em Conselho de Ministros, um novo pacote Simplex que inclui medidas de digitalização de receitas médicas ou para facilitar a renovação de documentos pessoais.

O anúncio da aprovação foi feito na quarta-feira pelo primeiro-ministro, António Costa, durante o debate do Estado da Nação, que decorreu ontem Assembleia da República.

“A nova edição do Simplex, que o Conselho de Ministros aprovará na quinta-feira, inclui dezenas de medidas que vão simplificar a vida dos cidadãos”, começou por referir o governante, enumerando algumas. Ler mais

"Completamente contra". Portugal rejeita proposta da Comissão Europeia para reduzir consumo de gás em 15%

 Portugal está "completamente contra" a proposta da Comissão Europeia de definir uma meta para redução do consumo de gás na União Europeia (UE) de 15% até à primavera, quando se teme corte no fornecimento russo, admitindo mesmo avançar com redução obrigatória da procura perante alerta.

Em declarações ao Expresso, o secretário de Estado do Ambiente e da Energia, João Galamba, defendeu que a proposta da Comissão Europeia, que apelou ontem a uma poupança no consumo de gás pelas empresas e famílias, com o objetivo de uma redução em 15% até à primavera de 2023, "não se pode aplicar a Portugal".

Explica Galamba ao semanário que se trata de uma redução "insustentável, porque nos obrigava a ficarmos sem eletricidade".

Nos primeiros cinco meses deste ano, Portugal aumentou em 67% o consumo de gás natural consumido para eletricidade. A proposta da comissão implicaria cortar este acréscimo de consumo, em cima dos 15% agora exigidos. Ler mais

 

Euribor já anteciparam subida dos juros e agravam prestação da casa até 90 euros

 


BCE anuncia esta quinta a primeira subida das taxas de juro numa década. Mas as Euribor já anteciparam este aumento há muito, com a prestação da casa a subir até 90 euros. Virão aí mais subidas? 

O Banco Central Europeu (BCE) prepara-se para subir os juros pela primeira vez em mais de dez anos esta quinta-feira. Está em cima da mesa uma subida de 25 pontos base ou de 50 pontos base. Em que medida esta decisão vai ao seu bolso? Na verdade, há muitos meses que os mercados estão a antecipar este aperto do banco central, com reflexos no aumento das Euribor e no agravamento da prestação da casa que paga ao banco.

Com a inflação em máximos históricos, há quem assuma que o BCE já vai atrasado no seu esforço para tentar controlar a subida dos preços na Zona Euro, que tem sido amplificada com a crise energética na sequência da guerra da Rússia na Ucrânia. Ler mais

 

Afinal não é só em Portugal: novo sistema europeu de fronteiras gera filas de horas nos aeroportos

  Alerta é do organismo que representa os aeroportos do continente, que pede uma revisão urgente do calendário de implementação do Sistema ...