A Bélgica está a braços com um escândalo no setor da procriação medicamente assistida, depois de se confirmar que um dador de esperma dinamarquês, portador de uma mutação genética associada a um elevado risco de cancro, foi responsável por conceber 52 crianças com 37 mulheres belgas entre 2007 e 2018. A revelação levou o governo federal a acelerar os planos para abolir o anonimato dos dadores e reformar profundamente a legislação existente.
O dador, cuja identidade permanece por agora confidencial, é portador da mutação genética TP53 — um gene associado à Síndrome de Li-Fraumeni, uma condição hereditária rara que aumenta significativamente o risco de desenvolver vários tipos de cancro em idades precoces. Pelo menos 10 das crianças concebidas com o esperma deste dador já foram diagnosticadas com cancro, e 23 outras apresentam a mutação genética, segundo os dados mais recentes divulgados por autoridades belgas.
Na Bélgica, está em vigor a chamada “regra das seis mulheres”, que limita legalmente a utilização de esperma de um único dador a seis famílias distintas. Contudo, a prática revelou-se ineficaz devido à confidencialidade que vigora na doação de gâmetas. A impossibilidade de rastrear a origem das amostras levou a que centros de fertilidade pudessem utilizar repetidamente o mesmo dador sem se aperceberem. Ler mais

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