segunda-feira, 24 de julho de 2023
Opinião: Fechar o Pego custou seis mil milhões
A 30 de novembro de 2021 fechou a Central Termoelétrica do Pego que estava a funcionar há 28 anos, como uma das mais modernas e menos poluentes da Península Ibérica e da Europa. Apesar do desemprego, da redução de actividade social e mais fuga de gente daquela região, não contou com a firme oposição do presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos que cumpriu com o seu papel de membro do partido do governo. Concordou, compreendeu, e lavou-se de esperanças no futuro! Apesar de renovada tecnologicamente há poucos anos para ser menos poluente, e mesmo com a subida galopante dos preços da energia, o governo manteve a sua decisão política. Uma escolha ideológica que não teve em conta custos nem consequências. Havia que cumprir a meta de Bruxelas no Plano Nacional para as Alterações Climáticas. A central a carvão do Pego, que era responsável por 4% das emissões do país, foi a instalação com o segundo maior peso nas emissões de dióxido de carbono em Portugal na última década, a seguir à Central Termoelétrica de Sines, cujo encerramento ocorreu em janeiro de 2021. Em termos absolutos, a média anual de emissões de gases com efeito de estufa (GEE) pela central do Pego entre 2008 e 2019 foi de 4,7 milhões de toneladas de dióxido de carbono.
O turismo que aporta em navios colossais (os paquetes) é já responsável por mais Gases de Efeito de Estufa que todo o parque automóvel de Lisboa, Porto, Braga e margem Sul do Tejo juntas (mais poluentes que o Pego a trabalhar).
Portugal em 2022 pagou mais seis mil milhões de euros pela energia importada que em 2021,sendo muita dela originária de centrais de carvão espanholas, francesas ou alemãs. Coerência não é precisa. O importante era reduzir a produção aqui, nem que o custo fossem duas TAPs, ou o valor pelo qual a China Three Gorges nos comprou a EDP, ou as tranches que fomos pondo no BES. Seis mil milhões retirados aos cofres do Estado para a subserviência.
Quanto ao futuro da Central o concurso deu como primeiro lugar a Endesa e segundo à GreenVolt. A Endesa tem como base o funcionamento a hidrogénio verde e afirma ir investir seiscentos milhões no Pego, mas com começo sem data. A GreenVolt garante que iria ter um projecto funcional ainda este ano e a evoluir ao longo dos anos para energia sustentável. A greenvolt vai lutar e contestar pois era a concessionária, ou dona, do Pego.
“O gás com efeito de estufa é um gás na atmosfera que atua de forma parecido ao vidro numa estufa: absorve a energia e o calor do Sol que são irradiados pela superfície da Terra, conserva-os na atmosfera e evitando que escapem para o espaço. Muitos gases de efeito estufa, são libertados de forma natural na atmosfera, mas a atividade humana https://www.mdpi.com/2072-4292/12/5/888 acrescenta enormes quantidades, aumentando assim o efeito estufa que contribui para o aquecimento global.” https://rea.apambiente.pt/
Há um aparente aquecimento global (a discussão maior é se tem a ver sobretudo com a actividade humana e sua incontrolável demografia) e devemos ter o nosso contributo, sobretudo individual, reduzindo, comprando menos, gastando menos, viajando menos, tendo menos pets, diminuindo a pegada global. A revolução é necessariamente pessoal.
Preocupados com a ideologia mais do que com as contas públicas, somos conduzidos nestas penitências de baixos salários, cobranças abusivas de impostos sobre o trabalho, multas ambientais num mundo globalizado onde não castigamos os que competem connosco usando preços almofadados em zero cumprimentos, em total desrespeito de direitos humanos, animais e de natureza. Mas pagámos duas TAPs e o PSD não falou.
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