segunda-feira, 2 de maio de 2022

Economia Colaborativa

Da mesma maneira que os meios sociais digitais nos conectam para podermos comunicar, também conectam outros aspectos importantes da nossa vida, como os nossos próprios bolsos.

A economia colaborativa permite que um grupo de usuários internautas cheguem a acordo para realizar algo que lhe traz uma considerável redução de preço, ou então algo que não poderiam fazer sem o apoio económico conjunto. Isto faz com que este tipo de acções sejam baratas, práticas e sustentáveis e que, sobretudo, propiciem uma mudança de paradigma na tendência de consumo possessivo que se nos inculca desde a infância.

 3 Tipos de Sistemas

Na economia colaborativa, podemos encontrar 3 tipos de formas de realizar o intercâmbio colaborativo:

§  Sistemas baseados no produto: Trata-se dos sistemas em que se paga pela utilização de um determinado produto que não para aceder à sua propriedade. O exemplo mais disseminado é o do Car-Sharing ou Carpooling, de que se falará mais adiante.

 §  Sistemas de Redistribuição: Baseiam-se na troca de propriedade de objectos ou projectos de que o proprietário original já não necessita ou que não quer continuar mantendo. O popular portal eBay é um bom exemplo de acções de compra e venda, se bem que também exista o intercâmbio ou troca de objectos em portais como Truequers, truequeweb ou Sepermuta.es, onde até se trocam casas.

 §  Estilos de vida colaborativos: Neste sistema, se agrupam todas as iniciativas para partilhar bens menos tangíveis do que os anteriores: intercâmbio de competências, conhecimento, tempo ou espaços são alguns dos exemplos deste tipo de sistema. É o que conhecemos como microtasking ou micro-tarefas. Outra tendência colaborativa é levar a cabo acções comuns que proporcionem uma melhoria económica num determinado serviço.

 É o caso das cooperativas de energias renováveis, que não só surgem como uma opção ecológica de produção de energia, como também servem para aligeirar a factura dos seus utentes.

Em Espanha, temos os seguintes exemplos: GoiEner e Gesternova.

 Economía colaborativa Truequeweb

Nas webs de trueque podemos encontrar desde bicicletas até um cabaz de ovos.

Tendências colaborativas

Quanto às tendências  actualmente mais activas na Rede, podemos encontrar as seguintes, que acompanharemos com as vantagens e as desvantagens que surgem do seu uso.

 Carpooling ou Car-Sharing

Trata-se de optimizar o uso de um veículo para transportar várias pessoas que têm um itinerário comum, partilhando os gastos entre elas. Plataformas como Carpling, Easy Way, BlaBlaCar  e ZipCar são algumas das mais utilizadas. O curioso é que este sistema não é tão inovador como parece, já que em épocas passadas em que se viveu crises económicas, o seu uso foi promovido.

Nos Estados Unidos, durante a Segunda Guerra Mundial e durante a Crise do Petróleo de 1973, fez-se uma enorme campanha propagandística neste sentido.

Não devemos confundir este tipo de plataformas com o modelo de negócio proposto pela polémica Uber, já que neste caso não se oferece uma poupança que surge de aproveitar a união colaborativa dos usuários, mas é um negócio em si mesmo no qual o usuário se limita a contratar um serviço individualmente.

 Vantagens: Para uma viagem longa, é muito económico, e conhece pessoas novas.

Desvantagens: Você não conhece a perícia do condutor e não é indicado para pessoas tímidas ou independentes.

Cartéis de promoção de carpooling durante la II Guerra Mundial.

 Viagens colaborativas

É a tendência que mais está crescendo no sector da economia colaborativa. Trata-se de fazer turismo de uma forma mais barata do que se hospedando nos hotéis tradicionais, já que, através de plataformas como a Airbnb, Hipmunk, Intercambiocasas, Globalfreeloaders ou Couchsurfing, se põem em contacto viajantes e pessoas que alugam ou trocam a sua própria casa para reduzir as despesas.

 Vantagens: Conhece outras zonas das cidades que não são as típicas, proporciona receitas aos estabelecimentos de bairro, os ambientes são mais acolhedores e as experiências de outros usuários da plataforma indicam-lhe as melhores casas.

Desvantagens: Não lhe fazem a cama nem lhe servem o café pela manhã e pode sempre apanhar vizinhos incómodos  que o não deixem dormir.

Esta web de intercambio de casas oferece variadas categorías para todo tipo de utilizadores

Coworking

Trata-se de partilhar um espaço de trabalho entre várias pessoas, que podem ou não estar no mesmo ramo profissional, e promover assim as possíveis sinergias entre elas para enriquecer com a experiência dos outros os seus projetos individuais. Os espaços de coworking que estão aparecendo na maioria das cidades são provas de que há uma procura alargada destes lugares.

Vantagens: Para um profissional livre (freelancer), é muito económico arrendar um escritório que inclui o desfrute de impressoras, scanners, salas de reuniões, etc. Além disso, faz com que este tipo de profissionais, habituados a trabalhar em casa, se relacionem fisicamente com mais pessoas no seu dia-a-dia.

Desvantagens: Na prática, tornaram-se mais simples  lugares de arrendamento de um  espaço individual de trabalho e de aluguer de equipamentos tecnológicos do que o que se pretendia originalmente.

Espaço coworking Campus em Londres, um dos mais bem valorizados do  mundo.

 Crowdsourcing  e Open Source

A colocação à disposição de recursos que intervêm na produção é também uma das tendências mais disseminadas na Rede. Neste caso, pretende-se fazer confluir o talento humano, seja ao aproveitar criações anteriores de outras pessoas para realizar um projecto novo ou então para fazer confluir essas pessoas num projecto comum novo (co-criações). Como melhor exemplo, temos a plataforma Quirky, que faz confluir as ideias de numerosos inventores de todo o mundo.

 Vantagens: O interessado descobrirá muitas ideias que podem melhorar as suas, os recursos de open source que encontra ajudam-no a acelerar o seu projecto e propiciam o intercâmbio de conhecimento.

Desvantagens: Às vezes, confunde-se o termo “open” com “grátis” ou “uso sem controlo”, quando nem sempre é assim, já que, apesar de estes recursos terem a licença creative commons, convém sempre respeitar as condições de uso impostas pelos seus criadores.

Na plataforma Quirky surgem novos inventos a partir dos recursos de outras pessoa.

 Crowdfunding

Esta é outra prática de êxito na Internet, o financiamento colectivo de novos projectos que são concretizados graças aos chamados micro-pagamentos de utentes interessados no produto que se oferece. As mais conhecidas são: Kickstarter, Indiegogo, Verkami, Idea.me, My Major Company. Além disso, existem iniciativas do tipo P2P como e Comunitae, que facilitam o cofinanciamento solidário – ou em troca de interesses (crowdlending) – entre empresas e empreendedores.

Vantagens: Projectos que dantes não veriam a luz do dia por falta de capital ou forma de serem publicitados tornaram-se em peças procuradas.

Desvantagens: Também pode se revelar frustrante, uma vez que nem todos os projectos se concretizam. No caso de produtos tecnológicos, transformaram-se mais em lojas de ‘cool gadgets’ do que em rampas de lançamento de talento.

Nas plataformas de crowdfunding, como a da  Idea.me, promovem  todo o tipo de projectos.

Bancos de tempo e Microtasking

Neste caso, o objecto de valor que se manipula é o tempo, algo muito valorizado hoje em dia. Falamos de plataformas de carácter hiperlocal onde se trocam pequenos favores entre utilizadores com certas competências e que se pagam ou através da troca de outros favores ou a troco de pequenas quantidades de dinheiro. Este fenómeno é conhecido como microtasking ou microtarefas e pode ir desde a pendurar um quadro, ensinar inglês ou ir buscar as crianças ao colégio. Dogaboo, onde pode contactar com outros utentes que cuidem do seu animal de estimação quando está em viagem, e TaskRabbit são um bom exemplo deste tipo de iniciativas. Menos local é a plataforma Friendshippr, que promove o conceito de crowdshipping, que é uma forma de enviar encomendas de um sítio para outro aproveitando as viagens dos seus utilizadores. São interessantes as páginas para o intercâmbio de ensino de idiomas através do Skype, tais como: Polyglotclub e The Mixxer; e as que propõem o intercâmbio de pratos cozinhados entre vizinhos, como: Shareyourmeal.

 Vantagens: Recuperam o conceito de vizinhança e oferecem pequenas remunerações a vizinhos que não têm trabalho.

Desvantagens: Não está tão propagado como parece e a cultura individualista que impera nas grandes cidades impede um desenvolvimento maior desta tendência

A web Shareyourmeal promove o intercâmbio hiperlocal de pratos preparados pelos partícipes.

 Freecycle

Além de oferecer vantagens colaborativas, zela pelo meio ambiente e pela qualidade das cidades. O freecycle é uma tendência contrária à sociedade de consumo com três premissas (3Rs):

§  reduzir o desperdício,

 §  reutilizar e

 §  reciclar.

 Há uma multitude de objectos que caem em desuso, mas que têm uma vida útil em outros lugares mais desfavorecidos do planeta e esta é a forma de redistribuí-los.

A página mãe deste conceito é a freecycle.org e reúne a nível mundial 7 milhões de utentes. Outro bom exemplo é o do Trashnothing.

Vantagens: Outras comunidades aproveitam o que já não precisamos ou o que nos sobra, impedindo assim que enchamos os caixotes do lixo com estas coisas que ainda têm serventia mas que podem causar grandes danos ao meio ambiente.

Desvantagens: Há falhas logísticas e, por vezes, enviar este material é demasiado complicado e dispendioso.

Centro freecycle en Grafenwoehr, Alemania.

 

Miguel Ángel Corcobado

Departamento de Comunicación de PRISA

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