Ao olhar através do microscópio, um cientista descobriu células
cancerígenas gigantes escondidas dentro de outras células cancerígenas
Foi com surpresa que uma equipa de cientistas da
Universidade de Telavive, em Israel, descobriu que células de alguns
tipos de cancro escaparam à destruição pelo sistema imunitário por se
terem escondido dentro de outras células cancerígenas. Uma espécie de
casulo protetor, mas do mal.
A investigação, publicada em setembro, na revista eLife, pode ser uma explicação para alguns cancros resistirem aos tratamentos de imunoterapia feitos para os destruir.
A investigação começou quando os cientistas estudavam quais poderiam
ser as células mais eficazes e potentes do sistema imunitário para
destruir cancros. A equipa começou por analisar que, em ratos de
laboratório com melanoma e cancro da mama, as células T projetadas para
destruir o tumor não o faziam.
Foi, então, que um dos investigadores se lançou para o microscópio. A
resposta estava na lâmina colocada na platina. Ao olhar pela objetiva,
no momento em que as células T atacavam o tumor, viu que “algumas
células gigantes permaneciam depois das células T terem feito o seu
trabalho”, contou, ao The New Yok Times, o investigador Yaron Carmi. “Não tinha a certeza do que estava a ver, precisava de ver melhor.”
Essas células gigantes eram, afinal, células cancerígenas que
abrigavam outras células cancerígenas, protegendo-as da destruição.
Assim que as células más se refugiavam, as células T não conseguiam
chegar até lá, mesmo que o sistema imunológico aniquilasse os bunkers
feitos, também, de células más que as envolviam.
“Foi como ver o diabo”, Yaron Carmi. Depois de tirar as células T das
lâminas do microscópio, as células cancerígenas saíram dos seus
abrigos, prontas para atacar novamente.
Em casos de cancro da mama, do cólon e melanomas, este mecanismo de
defesa das células cancerígenas foi igual. Já nos cancros de sangue e no
cérebro não foram visualizadas estas estruturas protetoras.
O investigador resolveu, então, investigar os genes que estavam
envolvidos na formação deste casulo de células de modo a evitá-lo. Ao
bloquear esses genes, descobriu, bloqueou também a capacidade das
células T atacarem o tumor.
“Percebi que este é o limite daquilo que o sistema imunológico pode
fazer”, disse, ao mesmo jornal. “O nosso sistema imunológico não pode
vencer.”
Esta investigação pode ser importante na parte dos tratamentos. Uma
solução possível, na imunoterapia, pode ser fazer tratamentos,
interromper, e fazer novamente, de modo a derrotar as células más.